Na vida de todos nós existe o certo e o errado. O certo é tudo aquilo que nos completa, que nos faz feliz da maneira mais simples e correta, enquanto o errado é tudo aquilo que nós dá medo, incertezas, acelera o coração e nos dá adrenalina. Depois de tantos errados, tantos choros, machucados e cicatrizes, eu encontrei o certo. Mas assim como os tambores de Jumanji, algo errado me chamava. A cada ''tum, tum'' eu tremia. Meu errado agora tinha um nome: você. Além de nome tinha também rosto, aquele sorriso torto e cafajeste, aqueles olhos que me prendiam. Quanto mais perto você chegava, mais alto os tambores tocavam, e dentro de mim vinha o medo daquele barulho tomar conta do meu ser, de cair no abismo do escuro dos seus olhos. Você me chamava pra jogar mais uma partida e eu simplesmente adiava, esperando nunca dar game over, não conseguia entender, eu tinha tudo, tudo do mais certo e ainda assim o errado vinha atrás de mim. O mais estranho é que mesmo acertando, eu queria errar, eu queria jogar aquele jogo mais uma vez, sem medo nenhum. Era um erro como todos os outros, que eu já estava mais do que cansada de cometer, mas esse tinha algo de diferente, havia em você um brilho a mais, que me encantava e me chamava, como o canto da sereia, pronta para devorar mais um marinheiro...
Nem sei quanto tempo fiquei lá. Até hoje, não sei nem dizer se esse tempo todo passei dormindo ou sonhando acordada. Tudo acontecia lentamente e eu ainda não sabia dizer se era real. Meus movimentos milimetricamente projetados, robóticos, repetitivos me levavam a lugar nenhum. Meus pensamentos estavam lá, mas nada parecia tomar forma ou muito menos fazer sentido, aqui fora. Aquela sensação de que eu estava me vendo dormir, fora do meu corpo, me acompanhava 24 horas por dia. Eu não sentia nada, não fazia nada. Eu só estava ali, inerte, habitando um corpo vivo sem vida.
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