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Mostrando postagens de 2014

Constatações

Despeça-te das amarras que a vida lhe cria, do peso que o mundo te deu. Lave a alma de toda a poluição mundana. Dispa-se. Olhe se no espelho, nua e crua, alma, mente e coração. Você não gosta do que vê. Quando o cansaço bate, não vem com ele a vontade de acordar amanhã. Os planos e sonhos viraram pó, misturados com aquele tom de pele que te fazem parecer saudável. As vontades e sorrisos são mascarados com um batom de um tom tão rosa e sem vida quanto o sangue, que já não corre mais nas tuas veias, mas se arrasta. E te faz perceber que embora a noite venha caindo, as manhãs já não se erguem mais...

Trilhas

Eu sei, nós dois sabemos. Sabemos que bateu um medo danado agora, que o quanto mais próximos estamos, o medo vem me assombrar e me afastar. E sei que isso acontece contigo também. Não sei se é o medo de me prender ou o medo de dar errado, ou ambos. Tivemos erros e relacionamentos errados, que não deram certo, é verdade. E trazemos dentro de nós dois uma bagagem emocional imensa de outros outonos. E cada vez que nos conhecemos mais, tenho medo de que algum erro se repita. Tenho medo de magoar você, de te fazer sofrer. Mas a errada sou eu, eu sei. Tenho ciume doentio do passado, tenho raiva de quando as coisas não saem do meu jeito e apesar de não poder te cobrar nada, sinto um medo imenso de te perder. Mas talvez eu não tenha com o que me preocupar. E nem você. Gosto de ser livre e se me der na telha, vou voar por outras flores, mas por incrível que pareça, nunca me afasto do meu ninho (analogias erradas, eu sei). Sei que não posso te dar o que quer. Ainda. Mas se você me permitir, semp

Califórnia

Tenho tanta coisa pra escrever e acabo não escrevendo sobre nada. Quero gritar aos quatro cantos tudo isso que eu estou sentindo. Quero falar sobre o medo, falar da mudança, do futuro e até sobre esperança. E também queria falar sobre você. Sobre como você não deve ter medo, nem do futuro e nem da mudança. Que tudo ao seu redor mudar é bom. E que você mudar, é bom também. Quero lhe falar que eu espero muito que a sua esperança seja sempre maior que o seu medo, pois assim, tudo será melhor. Imagine se o medo tivesse sido maior um ano atrás. Você teria entrado naquele avião? Você teria falado comigo? E agora, depois de ter passado por tanto, que você vai deixar o medo te vencer? Será que você vai ter medo de vir aqui me ver? Deixe o medo pra lá um pouco, e imagine tudo o que vai alcançar vencendo o medo. Se imagine em uma casa legal, com uns gatos e cachorros, uma cama sempre quente, aconchego e calorosas risadas. Amigos novos e velhos, experiências novas e memórias das que já passaram.

Ar

E eu me sentia cansada e ao mesmo tempo agitada, andava rápido e na minha cabeça havia um borrão de pensamentos infinitos. Parei por um momento, ali mesmo no chuva, naquela noite fria e me dei conta de que eu não estava respirando. Tudo girava à minha volta, mas eu parei por um momento. Parei por mim, por você, pelo mundo. Simples e lentamente. Foi então que eu pude perceber que ao mesmo tempo que eu fazia tudo por mim, pelos outros, pela rotina, eu não parei um minuto para fazer nada, para respirar e me concentrar apenas no ar gelado entrando pelas minhas narinas. Ao colocar o ar pra fora, um redemoinho também passou pela minha mente, levando tudo que me pesava, uma leve e poderosa brisa tirou o peso das minhas costas e assim, saí flutuando...

Pequena declaração

Todo dia eu pensei em desistir. Cada dia eu penso um pouco. E sempre mudo de ideia, quase que na mesma hora. Não consigo saber o que é me faz desistir de desistir. Não sei se é o seu sorriso torto, amarelado pelos inúmeros cigarros ou seus braços ossudos que me apertam e me esquentam num abraço firme. Tenho minhas dúvidas se não é pelos carinhos em meio cabelo enquanto eu durmo, ou quando você joga o braço na minha cara às 4:30 da manhã. É difícil dizer o que me encanta e me prende mais em você. Se é o perfume gostoso que eu sinto quando encosto a cabeça no seu peito ou o seu hálito quente em minha orelha, enquanto fala coisas que me fazem sorrir cada vez mais.

Quanto tempo a gente tem?

Ontem na aula enquanto eu passava a limpo a matéria, eu deixei cair poeira de borracha no meu colo, e ao limpar, fiquei 5 minutos tentando tirar uma poeirinha que não saía de modo algum da minha perna, até notar que aquilo era um pinta. Ri sozinha pela minha cegueira e imbecilidade, e constatei que nunca havia notado que eu tinha aquela marca. Isso me fez pensar em como o tempo nos deixa marcas que nem reparamos e que o tempo cura as feridas sim, mas deixa as cicatrizes para manter a lembrança. Quem sabe quando aquela pinta surgiu na minha perna? Será que foi em um verão quando partiram meu coração ou em um verão calmo que fiquei em casa brincando no quintal? Cada arranhão, pinta, ruga, linha e pelo do seu corpo conta uma história, talvez um parágrafo ou um capítulo inteiro da nossa vida, e nos mostra em como o tempo passa e a gente nem vê. Ontem eu tinha 15 anos, uma festa de debutante, aparelho nos dentes, dois namoradinhos e milhares de sonhos. Hoje eu tenho 21 anos, trabalho, conta

Redenção

Virei a chave calmamente para entrar em casa como fazia todas as noites, a casa estava silenciosa e escura, como sempre. Ao acender a luz, deparei com um par de olhos me encarando, apontando uma arma pra mim bem em minha cabeça. O frio do cano e a sua pressão fazia um turbilhão de pensamentos explodirem por minha mente, quase como se a bala já tivesse me atravessado. Meus miolos estavam mais embolados do que nunca, mas estavam ainda dentro de mim. Nem prestava mais atenção em nada à minha volta, só conseguia pensar na minha vida, naquela velha história de que quando estamos perto da morte, um filme de nosso passado que corre diante dos nossos olhos. E pensava como cheguei ali, aos 21 anos e me perguntava até o que havia acontecido com aquela garota risonha e despreocupada que eu era anos atrás, com menos problemas e preocupações, com as pernas mais machucadas do que o coração, afinal, cair no chão era melhor do que cair em paixão. Pensei em como eu podia ter evitado tanta coisa, como p

Alice no País do Amor.

Eu o observava tranquilamente enquanto ele, distraído, assistia televisão. Tudo que rodeava a minha mente era: ''no que foi que eu me meti?", e eu não sabia responder. Seria assim que Alice se sentiu ao seguir o coelho branco pelo buraco e embarcou em uma viagem louca e alucinante no país das maravilhas? Como Jonas se sentiu dentro da baleia?