Eu sei, nós dois sabemos. Sabemos que bateu um medo danado agora, que o quanto mais próximos estamos, o medo vem me assombrar e me afastar. E sei que isso acontece contigo também. Não sei se é o medo de me prender ou o medo de dar errado, ou ambos. Tivemos erros e relacionamentos errados, que não deram certo, é verdade. E trazemos dentro de nós dois uma bagagem emocional imensa de outros outonos. E cada vez que nos conhecemos mais, tenho medo de que algum erro se repita. Tenho medo de magoar você, de te fazer sofrer. Mas a errada sou eu, eu sei. Tenho ciume doentio do passado, tenho raiva de quando as coisas não saem do meu jeito e apesar de não poder te cobrar nada, sinto um medo imenso de te perder. Mas talvez eu não tenha com o que me preocupar. E nem você. Gosto de ser livre e se me der na telha, vou voar por outras flores, mas por incrível que pareça, nunca me afasto do meu ninho (analogias erradas, eu sei). Sei que não posso te dar o que quer. Ainda. Mas se você me permitir, sempre estarei contigo e por mais que às vezes eu saia andando por aí sozinha, como se fosse uma louca e às vezes também me perca no caminho, qualquer trilha percorrida me leva de volta até você.
Nem sei quanto tempo fiquei lá. Até hoje, não sei nem dizer se esse tempo todo passei dormindo ou sonhando acordada. Tudo acontecia lentamente e eu ainda não sabia dizer se era real. Meus movimentos milimetricamente projetados, robóticos, repetitivos me levavam a lugar nenhum. Meus pensamentos estavam lá, mas nada parecia tomar forma ou muito menos fazer sentido, aqui fora. Aquela sensação de que eu estava me vendo dormir, fora do meu corpo, me acompanhava 24 horas por dia. Eu não sentia nada, não fazia nada. Eu só estava ali, inerte, habitando um corpo vivo sem vida.
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