Você me mostrava, dentro de ti, paisagens que não exisitam. Ao abrir passagem para que eu entrasse na sua vida, você mostrou diante dos meus olhos planícies ensolaradas, reluzindo o dourado de seus cabelos. Me mostrou o calor do seu sol, que preenchia cada centímetro da minha existência. Mas, como qualquer lugar ensolarado, havia ali suas sombras. Sombras frias, escuras e inabitadas. Quando você se foi, todo o cenário se desfez. Os holofotes foram apagados, a grama - sintética - removida. Como numa peça escolar fajuta, o cenário feito em papelão caiu diante dos meus olhos, o frio arrepiou minha pele. Ali só havia uma montanha de gelo, azul como seus olhos. Com cavernas profundas e obscuras como suas mentiras.
Nunca li "50 Tons de Cinza", mas sei bem do que se trata: a paixão da mulher moderna em um cara que a domina por força, poder e sexo. Milhares de mulheres que leram o livro suspiram loucamente ao ouvir o nome ''Christian Grey". Eu confesso pra vocês: tenho meu próprio Sr. Grey, que usa dos maiores artifícios para me controlar. Não há tapas, socos, chicotes, nada disso... Ele tem em suas mãos a mais poderosa arma contra mim, e assim me controla com tudo o que sinto por ele, e eu, serva dos meus sentimentos, me submeto ao que for, apenas para fazê-lo feliz. Acho que na vida todos somos e temos um Christian Grey, só que ninguém percebe isso. Fantasiamos com histórias de alguém perfeito, rico e poderoso que nos dominará apenas com um olhar e enquanto imaginamos isso, estamos de mãos e pés atados, sendo reféns da coisa mais poderosa que existe: os sentimentos.
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