Califórnia

Você sabe muito bem que eu sou melhor escrevendo do que falando, acho que isso não é segredo algum (alguma coisa minha é segredo pra você?), então decidi desabafar por aqui, no caso da gente não conseguir conversar, que eu acho que é bem o que vai acontecer mesmo.

Eu gosto de você. Poderia até dizer que gosto de ti mais do que deveria, mas se eu gosto é porque eu deveria. E como não gostar? Você é lindo, carinhoso, inteligente, engraçado, charmoso e vou parar por aqui porque senão você vai se achar mais do que já se acha. Sou apaixonada em como você ri igual uma criança boba. Em como você é inteligente e como sabe conversar tão bem, adoro te ouvir falar. Gosto de te olhar nos olhos, acho que nunca admirei algo tão bonito assim. Admiro a forma como você pensa nas coisas, no que deseja alcançar e como é esforçado e dedicado. Não teria nem como esconder, eu gosto mesmo de você.

Mas e aí, você gosta de mim, como amiga claro. Você sente tesão por mim. Mas e daí? Você descobriu outros caminhos (de novo né haha) melhores. Não estou chateada com você. Não tenho motivos pra isso e nem posso, pelo amor. Estou chateada com as voltas que a vida dá e em como ainda com tantas voltas, eu continuo no mesmo lugar. Como tive a chance de estar contigo novamente e por questões maiores não consegui. Olha tudo o que a gente passou e enfrentou e estamos aqui e, mesmo que em níveis completamente diferentes, desejando um ao outro. E aí você encontrou algo que te completa. E eu me sinto insuficiente.

Me sinto insuficiente o tempo todo.

A verdade meu bem, é que quem quer, arruma um jeito, arruma tempo, o que for. E você não pôde arrumar pra mim, mas sempre arrumou pra outras. Não sei nada sobre qualquer outra, como as conhece nem nada, sei que são circunstâncias completamente diferentes da nossa, mas você ainda assim arrumou um jeito no meio de toda complicação que tivesse na sua vida.

Eu fui enganada sim, mas fui eu que me enganei. Eu que pensei que pudesse um dia te conquistar, ser suficiente pra você. Eu que me enganei idealizando que um dia eu pudesse preencher qualquer espaço dentro de você e que você me desejaria de alguma forma. Não vou te pedir uma chance como da última vez, não vou pedir um último beijo... Se existisse o desejo, você me daria isso sem eu falar nada. E eu não vou implorar, não posso mais implorar por sua atenção.

Acho impressionante a forma como você me lê, e eu daria qualquer coisa pra saber te ler assim também. Queria demais entender o modo como você me vê. Me sinto privilegiada quando você me elogia, mesmo que eu não acredite nem um pouco. Como posso ser tão incrível se eu não sou incrível como as outras? Pareço idiota, mas minha cabeça funciona assim. Vai, pode me chamar de idiota.

Não estou chateada com você, você não me magoou. O vazio e a dor que sinto são frutos das minhas próprias mãos. Eu fiz isso comigo. E já não é a primeira vez que eu me iludo assim, deveria aprender ou me acostumar.

Não quero dar um ponto final. Quero sempre que volte quando mudar de ideia, quando bater saudades ou o tesão. Sempre fui o orgulho em pessoa, mas você mesmo sempre me disse que era a exceção. E é mesmo. Você quebra qualquer barreira que eu tente colocar, qualquer silêncio, qualquer coisa... Você ultrapassa dentro de mim. Então por favor, quebra o orgulho comigo, se sentir saudade fala, volta. Sei que você disse que nunca volta atrás, mas já voltou uma vez e pode voltar sempre, você sempre vai ser bem recebido na minha vida.

Quero continuar sendo sua amiga, não quero que mude comigo. Reforço o que já te disse: eu quero te ver feliz. E já que eu não posso te fazer feliz, que seja com outra. Que ela te dê tudo que eu não posso te dar e que te transborde. Porque se eu te ver mal por conta de outra pessoa me mata, ainda mais porque eu não posso te fazer feliz.

Acho que essa foi a carta mais difícil que eu já escrevi.