Despeça-te das amarras que a vida lhe cria, do peso que o mundo te deu. Lave a alma de toda a poluição mundana. Dispa-se. Olhe se no espelho, nua e crua, alma, mente e coração. Você não gosta do que vê. Quando o cansaço bate, não vem com ele a vontade de acordar amanhã. Os planos e sonhos viraram pó, misturados com aquele tom de pele que te fazem parecer saudável. As vontades e sorrisos são mascarados com um batom de um tom tão rosa e sem vida quanto o sangue, que já não corre mais nas tuas veias, mas se arrasta. E te faz perceber que embora a noite venha caindo, as manhãs já não se erguem mais...
Nem sei quanto tempo fiquei lá. Até hoje, não sei nem dizer se esse tempo todo passei dormindo ou sonhando acordada. Tudo acontecia lentamente e eu ainda não sabia dizer se era real. Meus movimentos milimetricamente projetados, robóticos, repetitivos me levavam a lugar nenhum. Meus pensamentos estavam lá, mas nada parecia tomar forma ou muito menos fazer sentido, aqui fora. Aquela sensação de que eu estava me vendo dormir, fora do meu corpo, me acompanhava 24 horas por dia. Eu não sentia nada, não fazia nada. Eu só estava ali, inerte, habitando um corpo vivo sem vida.
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