E eu me sentia cansada e ao mesmo tempo agitada, andava rápido e na minha cabeça havia um borrão de pensamentos infinitos. Parei por um momento, ali mesmo no chuva, naquela noite fria e me dei conta de que eu não estava respirando. Tudo girava à minha volta, mas eu parei por um momento. Parei por mim, por você, pelo mundo. Simples e lentamente. Foi então que eu pude perceber que ao mesmo tempo que eu fazia tudo por mim, pelos outros, pela rotina, eu não parei um minuto para fazer nada, para respirar e me concentrar apenas no ar gelado entrando pelas minhas narinas. Ao colocar o ar pra fora, um redemoinho também passou pela minha mente, levando tudo que me pesava, uma leve e poderosa brisa tirou o peso das minhas costas e assim, saí flutuando...
Nem sei quanto tempo fiquei lá. Até hoje, não sei nem dizer se esse tempo todo passei dormindo ou sonhando acordada. Tudo acontecia lentamente e eu ainda não sabia dizer se era real. Meus movimentos milimetricamente projetados, robóticos, repetitivos me levavam a lugar nenhum. Meus pensamentos estavam lá, mas nada parecia tomar forma ou muito menos fazer sentido, aqui fora. Aquela sensação de que eu estava me vendo dormir, fora do meu corpo, me acompanhava 24 horas por dia. Eu não sentia nada, não fazia nada. Eu só estava ali, inerte, habitando um corpo vivo sem vida.
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