Cada dia que acordo possuo novos cortes e cicatrizes pelo meu corpo. São as batalhas que enfrento no dia a dia, as guerras que travo contra mim mesma em meus sonhos. Todas as noites visto meu uniforme e vou pro campo de batalha, mas quando chego lá, me sinto nua. Despida de tudo o que eu tenho dentro de mim, enfrento meus medos de peito aberto, vivo as situações mais temidas pelo meu coração e ao acordar em minha cama, não sei se estou suada pelo calor do dia ou do momento. Acordo sempre cansada por travar mais uma batalha essa noite. E na noite seguinte. As coisas na minha mente não se encaixam e na hora de dormir, tudo vem a tona. Me arranho, me arranco um pedaço e todas as manhãs ficam cicatrizes dos meus mais diversos medos que nunca me deixaram.
Nem sei quanto tempo fiquei lá. Até hoje, não sei nem dizer se esse tempo todo passei dormindo ou sonhando acordada. Tudo acontecia lentamente e eu ainda não sabia dizer se era real. Meus movimentos milimetricamente projetados, robóticos, repetitivos me levavam a lugar nenhum. Meus pensamentos estavam lá, mas nada parecia tomar forma ou muito menos fazer sentido, aqui fora. Aquela sensação de que eu estava me vendo dormir, fora do meu corpo, me acompanhava 24 horas por dia. Eu não sentia nada, não fazia nada. Eu só estava ali, inerte, habitando um corpo vivo sem vida.
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