"Escrevo também para saber como foi o seu dia – se você chorou esta manhã, se você acordou um pouco mais tarde do que o costume, ou se, mais cedo, você fumou um maço inteiro tentando se acalmar e esquecer por um breve momento as confissões e as confusões do seu mundo, como de costume. Escrevo também para saber como foi a sua noite – se você conseguiu dormir e sonhar e me ver, por pouco tempo que seja, nessas imagens pensadas, nessas imagens prensadas e intocáveis, tocadas apenas pela capacidade de sonhar, mas que ao despertarem serão apenas o que são: lembranças sonhadas. Escrevo ainda para saber quais são os seus medos e a quem você assusta, quais são os seus desejos e por quem você se ajoelha, quais são suas verdades e a quem você se permite mentir. E, como se não bastasse, escrevo para saber se você me encaixa no seu tempo, mesmo sabendo que o amor é um temporal atemporal que faz chover e tremer e molhar e, mesmo assim, os esperançosos amantes conseguem enxergar – talvez pela cegueira momentânea das pequenas paixões, talvez pela esperança eterna de um dia acordarem ao lado de um grande amor – um sol quente e amarelo e belo e denso, imenso."
(Eu Me Chamo Antônio)
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