Durante longos dias eu evitei escrever, tentei manter todos os sentimentos e toda a dor dentro de mim. Mas não havia apenas isso, haviam as vozes também. E elas se alimentavam de tudo aquilo que eu mantive por dentro essas semanas, cada vez mais fortes, eu as escutava em alto e bom tom. Elas me pediam mais, muito mais. Eu havia alimentado as feras e se as deixasse com fome, elas me comeriam viva. E então eu me machuco, tiro cada pedaço de mim para dar à elas. Eu criava mais tristeza apenas para servir de alimento para as feras, e estava transformando elas em minhas amigas, me tornando também em uma delas e me alimentando daqueles sentimentos ruins. Então decidi caminhar sozinha, e deixar aquelas feras morrerem de fome dentro de mim. Apenas eu poderia me alimentar da minha tristeza, embora eu também quisesse morrer de fome. Eu queria me alimentar apenas do sol, sem expectativas e sem caídas. Quero ficar com os pés no chão, na minha loucura. Às vezes, eu questiono minha sanidade. Ocasionalmente, ela me responde.
Nunca li "50 Tons de Cinza", mas sei bem do que se trata: a paixão da mulher moderna em um cara que a domina por força, poder e sexo. Milhares de mulheres que leram o livro suspiram loucamente ao ouvir o nome ''Christian Grey". Eu confesso pra vocês: tenho meu próprio Sr. Grey, que usa dos maiores artifícios para me controlar. Não há tapas, socos, chicotes, nada disso... Ele tem em suas mãos a mais poderosa arma contra mim, e assim me controla com tudo o que sinto por ele, e eu, serva dos meus sentimentos, me submeto ao que for, apenas para fazê-lo feliz. Acho que na vida todos somos e temos um Christian Grey, só que ninguém percebe isso. Fantasiamos com histórias de alguém perfeito, rico e poderoso que nos dominará apenas com um olhar e enquanto imaginamos isso, estamos de mãos e pés atados, sendo reféns da coisa mais poderosa que existe: os sentimentos.
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