Tolice a minha pensar que eu te falar tudo mudaria alguma coisa. Tolice a minha pensar que você me diria algo. Naquela noite, como sempre, falei demais, falei tudo o que não devia te falar e assim percebi que nada mais devo dizer. Nem mais uma palavra. Talvez porque seja isso mesmo que eu recebo de você: nada. Nunca um sorriso, uma palavra. Apenas silêncio e seus olhos escuros me encarando. Aquele ar superior tomando conta da atmosfera e me fazendo tremer. Talvez você tenha razão, eu tenho medo de você. A sua capacidade de me transformar, de me fazer sentir tais coisas, me fazem te temer. Você é perigoso demais pra mim e no fim da história, irá roubar meu coração. Não como o príncipe que o fará feliz para sempre, mas como a fera, que irá devorá-lo.
Nem sei quanto tempo fiquei lá. Até hoje, não sei nem dizer se esse tempo todo passei dormindo ou sonhando acordada. Tudo acontecia lentamente e eu ainda não sabia dizer se era real. Meus movimentos milimetricamente projetados, robóticos, repetitivos me levavam a lugar nenhum. Meus pensamentos estavam lá, mas nada parecia tomar forma ou muito menos fazer sentido, aqui fora. Aquela sensação de que eu estava me vendo dormir, fora do meu corpo, me acompanhava 24 horas por dia. Eu não sentia nada, não fazia nada. Eu só estava ali, inerte, habitando um corpo vivo sem vida.
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