Eu não me acho. Muito pelo contrário, a cada dia me perco ainda mais. Me perdi no sonho, embalada em lençóis. Me perdi em seus braços, seus laços e seus amassos. Me perdi em cada romance. Me perdi nas palavras não ditas, nos sussurros ao pé do ouvido, segredos em minha mente. Me perdi em uma vida que nunca vivi, nessa vida dupla que levo em meus pensamentos. Me perdi na solidão que é ser Nadine, onde cada vez que abro os olhos me pergunto onde está todo mundo. E eu crio minha própria história e a vivo. Me perdi nessa imaginação triste, onde não sei mais o que é real ou não. E fico nesse paralelo dos meus mundos, misturo a vida com ficção, e sigo como personagem e narradora de um conto inacabado de mim mesma...
Nem sei quanto tempo fiquei lá. Até hoje, não sei nem dizer se esse tempo todo passei dormindo ou sonhando acordada. Tudo acontecia lentamente e eu ainda não sabia dizer se era real. Meus movimentos milimetricamente projetados, robóticos, repetitivos me levavam a lugar nenhum. Meus pensamentos estavam lá, mas nada parecia tomar forma ou muito menos fazer sentido, aqui fora. Aquela sensação de que eu estava me vendo dormir, fora do meu corpo, me acompanhava 24 horas por dia. Eu não sentia nada, não fazia nada. Eu só estava ali, inerte, habitando um corpo vivo sem vida.
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