Pular para o conteúdo principal

Cortes.

Acabou. E ao ouvir tais palavras, tudo o que estava em minhas mãos se espatifou no chão e se despedaçou em mil fragmentos, alguns ainda vivos e brilhantes e outros obscuros e foscos. Olhei ao meu redor e não havia mais ninguém ali, apenas eu e mil reflexos de mim mesma, partidos pelo chão. Agachada, tentei recuperar cada pedaço, mas eles eram afiados, cada pedaço que eu catava, era um corte diferente. Cortes profundos e dolorosos, ardiam como se estivessem queimando minha pele. E o sangue escorria lentamente de meu corpo, acompanhado pelo salgado das minhas lágrimas. Nada parava o sangramento, nada parava a chuva que saía de meus olhos, os cacos nunca tinham fim. E eu pensava em como juntar aquilo tudo e quando juntasse, o que fazer com tais peças? Após muita paciência e dor, juntei tudo e vi que tinha em minhas mãos cada palavra dita, cada promessa. Apesar das rachaduras, elas ainda brilhavam um pouco, ainda restava nelas um tempero especial: o amor que aqui existia. Examinando cada peça, encontrei o que resultou cada pedaço fosco e obscuro, uma coisa estranha, toda quebrada, parecia ter sido remendada várias vezes, completamente oca, não tinha mais nada ali dentro. A estranha peça se mexia lentamente, como o choro soluçado de uma criança e o desespero veio em minhas mãos. Vi que no meio dessa coisa estranha havia uma peça transparente que eu colei errado, era uma promessa. Com o intuito de consertar o meu erro, tirei a pedaço errado do lugar sem muita dificuldade e todo o resto desmoronou. Aquela pecinha minúscula, transparente era toda a base, era o que mantinha meu coração batendo e sem ela, estava tudo destruído. Examinei o pedaço estranho e nele havia escrito: nunca desistir. Esse foi o corte mais profundo que sofri.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

50 Tons de Sentimentos

Nunca li "50 Tons de Cinza", mas sei bem do que se trata: a paixão da mulher moderna em um cara que a domina por força, poder e sexo. Milhares de mulheres que leram o livro suspiram loucamente ao ouvir o nome ''Christian Grey". Eu confesso pra vocês: tenho meu próprio Sr. Grey, que usa dos maiores artifícios para me controlar. Não há tapas, socos, chicotes, nada disso... Ele tem em suas mãos a mais poderosa arma contra mim, e assim me controla com tudo o que sinto por ele, e eu, serva dos meus sentimentos, me submeto ao que for, apenas para fazê-lo feliz. Acho que na vida todos somos e temos um Christian Grey, só que ninguém percebe isso. Fantasiamos com histórias de alguém perfeito, rico e poderoso que nos dominará apenas com um olhar e enquanto imaginamos isso, estamos de mãos e pés atados, sendo reféns da coisa mais poderosa que existe: os sentimentos.

É Proibido Te Amar.

É proibido te amar. Diria até que é crime. Como poderia a pequena dama, com seus doces carinhos, amar alguém como você? Não sei se lhe faltam sentimentos, não sei se lhe faltam palavras, mas parece que seus olhos vidrados, como uma estátua, despertaram nela um desejo. Mas é proibido desejar. Teus lábios são proibidos beijar. Seria crime também pensar em ti. Envolver-te nos sonhos, esquentar meu corpo em seus abraços, fazer do teu corpo, dela.. Mas é proibido te amar...

A Queda

Esses dias eu pensei que te perdi. Pensei que havia largado você, te deixado pra trás. Mas foi bem depois que notei que isso nunca aconteceu. Você nunca foi meu, nem nunca será. Tudo o que havia entre nós dois, era uma fantasia em minha cabeça. Na minha mente, tínhamos um relacionamento completamente fantasioso e em qualquer ação sua, eu interpretava as coisas como eu bem entendia. Admito que te odiei porque você me enganou, mas agora eu percebo que a única pessoa que mentiu fui eu. Eu menti pra mim mesma, eu não quis ver, eu não me permiti ver o que acontecia à minha volta e como uma boa enganadora, passei o filme com a história que eu mesma criei, diante de meus olhos. Você sempre foi sincero comigo e só eu não pude ver, não quis ver. A verdade dói, tentei anestesiar a dor, prolongar a queda, mas eu e você sabemos bem que, quando se pula do penhasco, uma hora você vai ter que se espatifar no chão. [Ploft]