Ele não era o homem mais bonito de todos. Fumava feito uma chaminé, era irritante, cabeça dura e fazia as coisas sem pensar, me magoava e me tirava do sério muitas vezes. Mas naquela tarde ensolarada, eu parei pra observá-lo melhor, enquanto ele tocava seu violão na sala, com aquela cara pensativa que sempre fazia. Sua pele clara e lisa me atraía. Eu percorri todo seu corpo com os olhos, passei a mão em suas costas e senti um arrepio, o corpo dele me chamava. Seu corpo magro é desajeitado e engraçado. Seu cabelo enrolado estava grande, do jeito que eu gosto, ótimo para passar o dedo e ficar brincando com ele. Seu nariz enorme me dá vontade de morder e de dar petelecos fracos só pra irritar ele, como eu sempre gosto de fazer. Seus lábios também são enormes e me dão vontade de morder com paixão, enquanto ele me enlaça em seus braços magros, me faz carinho do jeito que só ele sabe fazer, que me enlouquece e me faz tremer. É, acho que eu amo esse garoto.
Nem sei quanto tempo fiquei lá. Até hoje, não sei nem dizer se esse tempo todo passei dormindo ou sonhando acordada. Tudo acontecia lentamente e eu ainda não sabia dizer se era real. Meus movimentos milimetricamente projetados, robóticos, repetitivos me levavam a lugar nenhum. Meus pensamentos estavam lá, mas nada parecia tomar forma ou muito menos fazer sentido, aqui fora. Aquela sensação de que eu estava me vendo dormir, fora do meu corpo, me acompanhava 24 horas por dia. Eu não sentia nada, não fazia nada. Eu só estava ali, inerte, habitando um corpo vivo sem vida.
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